domingo, 4 de setembro de 2011

Calopsitas




Dóceis e fáceis de criar, essas aves australianas podem imitar a voz humana, têm variadas cores, aparência exótica e são muito procuradas como animais de estimação 
Texto João Mathias
Consultor João Germano de Almeida*


Um topete de dar inveja a Elvis Presley é a marca registrada das calopsitas (Nymphicus hollandicus), pássaros que vêm conquistando crianças e adultos com sua beleza exótica e afetuosidade. Quando separadas dos pais e criadas na mão, elas tornam-se mansas e boas companheiras, feito cachorrinhos de estimação que acompanham o dono pela casa em todas as atividades domésticas.
A calopsita é uma ave dócil, amigável e fácil de criar. Domesticada, gosta de carinho e chega a ficar nos ombros e nos dedos das pessoas. Ela não é barulhenta, mas assobia e, se treinada, pode imitar a voz humana. Natural da Austrália, país localizado no Hemisfério Sul como o Brasil, a ave se adaptou bem às condições climáticas da América do Sul, desde a sua chegada aqui na década de 1970.
Na natureza são encontradas calopsitas com o corpo cinza e com a borda das asas brancas. No macho, a crista ereta e a cabeça são de amarelo intenso e, na fêmea, prevalece o cinza com nuances amareladas no topete. Ambos possuem uma área circular vermelha nas laterais das faces (parecem "bochechas"), com tom mais suave entre as fêmeas. Na cauda, elas também se diferenciam com amarelo e preto intercalados na parte inferior, enquanto nos machos a cauda é totalmente negra.
Naturais da Austrália, as calopsitas se adaptaram bem ao clima do Brasil
As aves da espécie começaram a se espalhar pelo mundo no final da década de 40. A introdução em outros países ocorreu com a criação do arlequim, mutação desenvolvida no estado americano da Califórnia que apresenta plumagem branca com áreas de cor cinza. No entanto, essas cores originais deram lugar a variadas tonalidades e padrões, a partir de cruzamentos em cativeiros. Além do arlequim, as variedades mais comuns incluem o lutino (branco com extremidades amarelas), branco, canela, pérola, cara-branca e albino.
As calopsitas têm média de 30 centímetros de comprimento e pesam de 80 a 150 gramas. Pertencem à família Cacatuidae (a mesma das cacatuas), da ordem dos Psitacídeos, que engloba mais de 300 espécies como araras, papagaios e periquitos.
Além de apresentarem resistência a doenças e longevidade - podem viver cerca de 20 anos em cativeiro -, esses pássaros têm baixo custo de criação. Comem pouco e têm preços inferiores aos de outras aves da mesma odem.
*Criador de calopsitas, tel. (11) 9135-2041.
RAIO X
Custo: de 40 a 100 reais o exemplar
Criação: no mínimo cinco casais
Investimento: 1.540 reais para iniciar
Retorno: cerca de um ano
Reprodução: a partir de dez meses de idade
MÃOS À OBRA
Início - A boa saúde e a docilidade da calopsita dependem do ambiente onde ela cresce. Portanto, a regra número um para iniciar a criação é adquirir exemplares em locais com boas referências. Cada ave custa de 40 a 100 reais, podendo ser vendida até pelo dobro do preço quando domesticada.Ambiente - Comece com cinco ou mais casais para as primeiras experiências. As calopsitas vivem bem em pares, em gaiolas de arame galvanizado de 80 x 40 x 50 centímetros (preço médio de 80 reais), ou em colônias. Um viveiro de 3 x 3 x 2,5 metros acomoda 15 casais e custa cerca de 500 reais. Levante duas paredes transversais de alvenaria e duas de telas. Cubra metade da instalação também com tela e a outra metade com telhas de barro.
Equipamentos - Dentro das gaiolas, disponibilize bebedouros e comedouros de barro, além de poleiros para as aves se divertirem. O ninho de madeira, com 30 x 18 x 18 centímetros, pode ser fixado no alto e na posição horizontal. Com esses equipamentos, serão gastos 100 reais.
Reprodução - A fase de acasalamento ocorre a partir dos dez meses de idade. Após a fecundação, as aves levam cerca de dez dias para realizar a postura. As fêmeas botam dia sim, dia não, de três a seis ovos por postura, que chega a ocorrer quatro vezes por ano. Entre 13 e 15 dias, os ovos eclodem.
Filhotes - Assim que as avezinhas empenam as asas e a cabeça, é hora de "criá-las no bico", para torná-las mais dóceis. Separe as crias dos pais e dê às pequenas calopsitas um mingau preparado com um pó comprado em lojas especializadas e misturado com água morna. Por meio de uma seringa, injete essa papinha no bico das aves de três a quatro vezes ao dia, até que elas comecem a comer sementes, o que em geral acontece aos dois meses de idade. Uma mistura balanceada de sementes de girassol, sorgo, aveia e painço é a refeição diária das calopsitas.
Alimentação - Um casal adulto come cerca de dois quilos de ração por mês, o que vai custar cerca de cinco reais. Para complementar a alimentação, dê pão duro, que eles gostam de comer e de bicar como distração. Forneça também, de vez em quando, pedaços de espiga de milho verde e de cenoura, talos de couve e farinha de ostra, como fonte de cálcio.
Cuidados - Expostas a correntes de vento, as aves podem apresentar coriza. Faça vermifugação dos exemplares uma vez por ano.
Onde adquirir: Frederico Chiu (11) 4486-1238; Délcio Guimarães Jr. (11) 9257-6528; João Germano de Almeida (11) 9135-2041; e Elenilson Souto da Silva (11) 8386-0295.
Mais informações: FOB - Federação Ornitológica do Brasil, Av. Francisco Matarazzo, 455, Parque da Água Branca, São Paulo, SP, CEP 05001-970, tel. (11) 3862-4176 ou com Ayr David Gadret, diretor de comunicação, (11) 9603-9418.